terça-feira, 11 de outubro de 2011

A UFPB e as artes visuais entre 2006-2010





Eu quero contar uma história. E que por ser história em primeira pessoa, não tenho nenhum compromisso com a exatidão dos fatos, apenas possuo uma responsabilidade com a memória vivenciada por mim.

Cartaz da exposição coletiva
Integração 275 no NAC
Em 2006, eu estava na graduação de letras quando ouvi falar de Ricardo Dubinskas, Secília e Marta Penner no departamento de Artes Visuais da UFPB através de Adriano Barreto, Cristina Carvalho, alunos, que juntamente com Manoel Fernandes, tinham sido escolhidos pelo edital da Fundação de cultura da prefeitura de João Pessoa para expor no Casarão 34. Dentre eles, Ricardo era um professor muito comentado, era o incentivador de Cris e Adriano, fomentava o desenvolvimento artístico através de questionamentos e adorava um papo nos lugares mais pitorescos, sempre regado a companhia da sua cerveja com cachaça. Ele Criou meios de provocar debates em arte contemporânea estimulou projetos em suas aulas, direcionou os meninos para as novas tecnologias e tinha um discurso "carpen dien" na ponta da língua. Mas Ricardo se ausentou para fazer o doutorado, coincidindo com a saída dos meninos da graduação, da cidade(foram para São Paulo) e com meu casamento entre 2007 e 2008. Perdemos o vínculo, o crescimento artístico estagnou. Cris e Adriano em São Paulo, embora se relacionassem com Fabiano Gonper, devido ao trabalho na noite em bares e cafés, tiveram poucas oportunidades de desenvolverem artísticamente. Neste momento Secília apoiada pelo professor Erinaldo abre uma frente de pesquisa em Arte na Escola e faz convergir alunos, artístas pesquisadores. Fabrícia Jordão, Thaís Catoira, Elane Telles, Claudia Nen, Iris Helena entre outras alunas, começaram a se envolver na produção acadêmica e sobretudo a criar um ambiente de discussão em artes, que também foi interrompido com o deslocamento de Secília para o doutorado na UFRJ. Daí surge Marta Penner, que já vinha acompanhando outras alunas do curso como Danielle Travassos, Raquel Stanick, Séphora, Américo, Carlos Café, Prince Danielle, Dani Calaço e que, após a saída dos outros professores, faz convergir, apoiada inicialmente pelo professor Marco Aurélio e posteriormente pelo curador Dyógenes Chaves, toda uma cena nas artes visuais de João Pessoa. 

Os trabalhos começam a sair do círculo da UFPB. O NAC retorna a cumprir sua função primordial em ser núcleo de Arte Contemporânea que coordenada por Marta (2006-2010), começa a acontecer intervenções públicas, discussões, exposições, debates com artístas importantes como Paulo Bruski e Felipe Herenberg e parcerias com a Aliança Francesa e a Energisa através de Dyógenes.

Para terminar a composição deste ambiente, em 2009, aconteceu o encontro internacional de linguística(ABRALIN)em nossa cidade e, neste evento, fui indicado pela Professora Beliza Áurea para organizar uma exposição no local do evento (Estação Ciencia). Neste local, teríamos que dividir o espaço com um artísta de Campina Grande que estava retornando da França. Embora expondo à parte, o trabalho de Luís Barroso se integrou à exposição, que juntamente com Chico Dantas, artista da geração de 80, contribuiu para o diálogo durante o evento e para a construção da exposição coletiva.

Posso entender hoje que existe uma geração de artístas e pensadores formado neste ambiente entre 2006-2010 em João Pessoa. Como frutos desta convergência formadora, Iris Helena é selecionada no Rumos Itaú Cultural; Fabrícia Jordão já defendendo a dissertação de mestrado pela USP, amplia as discussões em torno da arte contemporânea nacional incluindo o NAC; Thais Catoira contribui com a organização da produção no NAC entre os anos 70 e 80; Elane Telles, por sua vez cria relações da cerâmica e a arte contemporânea na sua dissertação pela UFRJ; Raquel Stanick começa a despontar como curadora em projetos direcionados para centros culturais e artístas como Américo, Cris e Dani Calaço, Prince Danielle, Dani Travassos, Antonio Filho, Carlos Nunes, Geh Lima começam a produzir obras com maior densidade artística.

- Embora as obras artísticas e os artigos sejam frutos de pesquisas individuais, jamais podemos esquecer que existe um corpo formado pelo diálogo, pela troca de experiência, que envolveu todas estas ações e pessoas citadas, tendo como núcleo, Marta Penner, Secília e Dubinskas na UFPB.

Roncalli Dantas

3 comentários:

  1. Eu me emocionei bastante lendo este texto que você escreveu. Ler esse texto foi como voltar no passado e viver todos esses momentos novamente. Eu sou fruto dessa geração. Aprendi muito todos que foram citados entre professores e alunos (estando você incluso neste meio).
    Tou com saudades das aulas, das trocas de experiencias.
    Muito bom!

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  2. me emocionei tumém!!! Somos fruto do que nos cerca, agradeçamos aos deuses, essa terra é boa e fértil!!!

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  3. Que Lindo Roncalli!!! adorei o texto, adorei o blog!!! Com certeza muitas coisas boas ainda vão acontecer e já estão acontecendo graças a esses encontros que a vida nos proporcionou..

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